segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Intervalo

Tava assim, assim, meio atulhada de sociologia. Minha vida tem sido isso, coerção, estado,bem estar, férias forçadas da literatura. Viver tem disso mesmo. Enquanto escrevia sobre estado para Durkheim, eu me lembrava de um conto do Nassar, que um dia postarei aqui. “Aí pelas três da tarde”, na verdade são cinco da tarde, mas o que são duas horas?!
Deu vontade mesmo de me “sentir embalada pelo mundo”, não, não vou deitar numa rede nua, até porque aqui não temos redes. Mas a vida, de fato, cansa. Essas férias que tirei da literatura me deixam estranha. Ela foi minha companhia durante um bom tempo. Uma amiga sempre me diz, “Laíz, saia mais de casa!”, contudo confesso ter preguiça de gente. Embalar-me pelo mundo seria agradável, mas amanhã eu vivo. A única inércia que estou respeitando é a da vida acadêmica.
Será que estou envelhecendo? Isso seria uma pergunta cretina, é claro que envelheço, sou uma senhora de 21. Cansei! Enjoei de gente, de fazer charminho, de final feliz, só do café que eu não consigo enjoar.
Pronto, agora que me declarei uma velha viciada, e me senti embalada pelo mundo (de roupa e sem rede), volto a Weber.
Viver tem sido assim!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Viver ainda é construir

O problema maior não é não saber onde estamos, porque essa vida é mesmo uma mistura, um emaranhado de caminhos. O que incomoda mais é olhar no espelho e ter que procurar nossos verdadeiros rostos por detrás do cabelo, que já não é o mesmo, do sorriso, que também mudou, da espessura do rosto, que também costuma variar com o tempo, e ainda assim, quando nos vemos, não termos a capacidade de nos reconhecermos. Mesmo que se tenha passado uma semana da ultima visita a nós mesmos, quando nos procuramos fronte ao vidro que reflete... nos estranhamos.


Talvez o erro resida no fato de procurarmos quem gostaríamos de ser, ou quem já fomos. Hoje mesmo, queria encontrar a menina de dezessete anos que acreditava nas pessoas e ouvia os “Ramones”, ela pensava que eu iria ser professora, ou alguém que mudaria o mundo, ela tinha o cabelo diferente. Os “Ramones” eu ainda escuto, quanto a ser professora, já não sei mais, e o cabelo fez de mim outra pessoa.


Não sei mesmo onde estou, não faço a menor idéia de quem eu sou e acho que já não acredito mais em milagres. Os “Ramones” dividem espaço no meu MP3 com o Chico, Vinícius, Tom e Caetano. Na estante, onde ficava a “Lira dos vinte anos”, hoje ficam o “Tutaméia” e o “Grande Sertão”. E o único fato meio nostálgico é que eu voltei a usar óculos.


Não consigo contar o que larguei pelo caminho, talvez alguns quilos, um grande herói, alguns amores e um pouco de idealismo. O fato é que eu não me reconheço.


Uma vez, quando eu ainda tinha os dezessete anos, eu disse que viver era construir, e esse é um dos poucos pontos que eu ainda não me cansei de frisar, e o único momento no qual eu me vejo eu mesma, sem variar.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Lança bombom






Como se eu não tivesse trabalhos para fazer, eu estava me distraindo no Orkut, passatempo fantástico. Lá a gente fica sabendo das ultimas fofocas, sem contar que expomos as nossas vidas na vitrine. Bem, no meu caso tem cerca de 60% de mise en scene, até porque eu não contaria para todo mundo tudo o que me acontece.


Eu estava me divertindo com as atualizações alheias e me deparei com uma comunidade sobre cantadas. Eu amo saber dessas cantadas, me lembro da última que recebi, que só surtiu o efeito positivo porque o contexto teve uma boa parcela de culpa. A foto da comunidade era do “Zé Bonitinho” , o que me fez pensar “ Oba!! É brega!!”. Quando fui lendo os primeiros, a começar pela clássica “ovo da minha marmita”, quase chorei de alegria.


Depois de ler algumas (eram muitas) eu li a seguinte frase: Nossa, você é tão linda que não caga, lança bombom!, nessa hora só faltou caírem confetes do céu! Eu juro que não conhecia essa cantada, e ela me fez refletir. Até onde vai a criatividade das pessoas? Até onde o grotesco influi nas nossas vidas? Quem pensaria em alguém lançando bombons pelo orifício traseiro?


Confesso que eu estou bem horrorizada, perguntei a uma amiga e ela me disse que ouviu muito no carnaval. Continuo horrorizada.


Lançar bombons por aquele buraco... acho que eu vou detestar bombons por um bom tempo.

sábado, 22 de maio de 2010

Obras

Histórias de fracassos, amores fracassados, longos casos que chegam ao fim antes de serem iniciados, a vida. Vidas em constantes obras, fins e recomeços, avanços e regressões, um empreendimento arquitetônico fantástico de difícil finalização. Uma obra demorada, complicada, e ao mesmo tempo rápida e ágil tingindo nossos cabelos, enrugando nossas peles, encurvando nossos corpos.
Alguns sobem no andaime e observam do alto o construir das paredes, outros participam da obra, alguns só fazem projetos, e por fim, existem os que tudo ignoram.
As obras assim evoluem, construções isoladas, casas geminadas, prédios e mais prédios, todos feitos de vidas. Vidas em obras, amores em obras, vidas de vitrines impessoais... feitas pelo tempo e pela rotina.
Enfim as obras da vida, as vidas em obras. As diversas construções, diversas pessoas, cada uma a sua historia, parecida com milhares e diferente de todas. Vidas que se estruturam em verdades mentirosas e mentiras mais verdadeiras que a própria realidade.
Lagrimas sorridentes, sorrisos em prantos, alternância inconstância, e o objetivo das obras das vidas se perde entre tudo e nada. Viver é construir, ou não.

Crônica do Renan

Beirei o desespero quando soube que teria que fazer uma CRÔNICA. Não sabia nem o que essa palavra significava, passei vinte segundos totalmente perdido, sem saber o que fazer. Eu já havia “defenestrado” algumas vezes e até acompanhava o ritmo das prosas quando alguém falava alguma palavra difícil. Isso não fazia a menor diferença, eu me perdia em todas as aulas de português... todos aqueles sujeitos, verbos, contos e a CRÔNICA.
De repente uma luz! Lembrei de uma prima que faz letras, ela me disse o que era CRÔNICA. Eram mil palavras, só me lembro que tinha a ver com “alguma coisa de tempo”.
E tempo era o que eu não tinha mais, essa tal de CRÔNICA já teria que estar pronta. Quando me vi a ponto de descontrolar, e a folha em branco a me olhar, comecei a escrever sobre a minha situação. Ao fim eu havia preenchido uma página.
Já cansado, sem ter mais o que fazer, liguei para a minha prima e li tudo que eu havia escrito, antes mesmo dela me perguntar nada, antes até de dizer “oi!”. Quando terminei, ela me disse “Até que ficou boa a sua CRÔNICA!”.
E eu, até hoje, continuo sem saber o que quer dizer a palavra CRÔNICA, porque depois que eu desliguei o telefone, nem li novamente o que eu tinha escrito. Anexei ao trabalho que eu precisava entregar e não pensei mais nesse assunto CRÔNICAL.

Chuvinha de nada, mas me deixou resfriada

Ainda me sobra tempo de olhar por cima dos óculos pro nada e me fingir ser ninguém. Ser alguém. Ser uma pessoa, outra e a mesma. Dias de solidão, vontade de correr por aí! De ir por aí, como qualquer personagem de um conto da atualidade, seja com as nuances seja com a falta de individualidade só pra se misturar à solidão em conjunto.
Era tudo diferente. Era bom? As vezes essa pergunta é complicada, nunca parei para pensar como seria se nunca tivesse acontecido, mas não me falta vontade de enterrar tudo.
Talvez não saiba se, de fato, é decepção ou qualquer outra coisa, dessas que a gente para e sente e não acha alguém pra culpar. E se..
E se eu tivesse chorado mais de dois dias? Não é vazio, pois não preenchia espaço, deixava vazio. Esvaziava meus olhos que tantas vezes se derramaram sobre fatos evitáveis. Foi uma chuvinha, essas iguais aos chuviscos.

Morte e amor

Há uns dias eu estava lendo “Quando o amor morre” do Nelson, me deu uma vontade de escrever sobre como eu concordo com ele. O amor, quando morre não tem mesmo doçura nenhuma, só resta uma pontadazinha de mágoa. Recentemente eu comemorei meu aniversário, quantos anos eu fiz já é dar informações demais, e parece que nessas datas a gente fica mais sensível. Me lembrei do amor que recentemente morreu, ou nunca nasceu... logo quando acordei, e era como se o dia já, de cara, tivesse ficado pesadíssimo. Cheguei na faculdade, e aos primeiros abraços de uns colegas me derramei em lágrimas. Não sei bem se eu estava emocionada desses amores não terem morrido, ou se eu tivesse ainda com pesar ‘daquele’ amor já ter sido enterrado. Eu limpei os olhos e continuei, quando cheguei à minha aula de francês, é amigos... eu estudo francês nas horas vagas, um dos meus colegas me esperava com uma flor, uma violeta. Há muito tempo eu não via uma atitude tão atenciosa, e eu não esperava, e , novamente, me derramei em litros de lágrimas e mais lágrimas.
Mas eu estava falando mesmo era do amor que morre, pois bem, eu tenho uma teoria: Amor não morre, e sim nós morremos. Cada vez que amamos somos uma pessoa diferente, e ao fim do amor, (ressalto: fim não é morte!) nós é que morremos, o grande problema disso tudo é que demoramos semanas ou meses para morrermos, e só depois disso nascemos de novo. Eu acredito que ainda estou bem mortinha, caidinha coitada de mim. ; p. Contudo sinto que devo explicar por que concordo com o Nelson, ele diz

“Eis a verdade: o amor que morre não deixa nenhuma nostalgia, e eu diria mesmo, não deixa nada. Ou por outra: deixa o tédio. O que nos fica dos amores possuídos e passados é simplesmente o tédio, talvez o ressentimento, talvez o ódio.”

Ele conseguiu adentrar a minha alma (só para ser profunda! :p).
O que eu não consigo entender é o porquê de eu ter citado o fato do meu aniversário... Bem, deve ser para me promover, sei lá, conquistar alguma importância pessoal (ou só para encher lingüiça), mas a verdade é que eu refleti sobre a morte do amor no dia 18, talvez porque eu estava mais sensível mesmo. E o que aconteceu depois de tudo foi um início de dia 19 bem choroso...

sábado, 15 de maio de 2010

Lacunas

Se eu fosse listar tudo que ...
Seria bem capaz de eu me ver na...
Porque você sempre foi tão...
que eu nunca...
E, além de tudo, sempre me dizia que...
e eu quase que acreditava nas...
Foram aquelas horas...
E eu me...
Demorou muito.
Porque quando tive coragem já era tudo...
E, assim fica tão...
Que hoje...

sábado, 3 de abril de 2010

É brega e eu sei!

Vamos assumir, todo mundo se identifica com alguma breguice. É só deixar a hipocrisia de lado que a sua vida logo ganha uma trilha sonora do “Roupa Nova”, olha que maravilha!

Quem se lembra de “Agooora, que faço eu da vida sem vooocê, você não me ensinou a te esquecer...”

Quem me conhece sabe que eu não escondo a minha simpatia pelo brega, cafona, clichê e até o caricato. Às vezes dá mesmo vontade de cantar uma musica do Zezé, aquela que ele gravou do Ritchie, não se faça de desentendido, é essa mesma que você esta pensando!
“o mundo é pequeno demais pra nós dois” ah, viu?! Você deve ter continuado...

Esse novo sertanejo que nunca fala do sertão deu uma atualizada nas minhas breguices, sempre tem uma pessoa traída, trocada ou abandonada e eu acabo com vontade de sentir o mesmo, impressionante...
Umas semanas pra trás eu fiquei, incansavelmente, uns dois dias cantarolando: “pode iiiirr tudo ‘beeeim’, você não sabe o que é gostar de ‘alguéim’!”

E eu não reclamo. Mas é claro que não! Existe coisa que te entende melhor do que a breguice? A mim, não!

Falando nisso, ai que vontade de “vê-la sorrir e vê-la cantar”


http://www.youtube.com/watch?v=y1JOsQHMc1s



sexta-feira, 2 de abril de 2010

FUTRICA










Não é fantástica essa palavra?
Fu- tri- ca!
Tudo é futrica nessa vida, e futrica é tudo também.
Fofoca é futrica, maracutáia é futrica, mentira é futrica, bobagem é futrica, até essa minha vida é uma futrica.
Não é querer desmerecer as coisas, mas apelidá-las carinhosamente por essa palavra é mais do que justo. O que tem dado certo? Então! Tá tudo futricado! Meu pneu fura quando eu estou super atrasada, meu relógio para e a balança de um amigo íntimo funciona diferente da minha... O que eu devo pensar? É fácil! Que tudo não passa de uma futriquinha gigante.

Ah... azar? Comigo não tem dessas coisas!
Afinal, o azar também é futrica!

segunda-feira, 29 de março de 2010

O velhinho sabia mesmo das coisas

Já tem alguns meses, eu acho, que eu sonhei que escrevia um romance. O que chega a ser cômico, quase sempre eu tenho essa ambição, mas logo me tiro de cabeça porque eu não consigo pensar enredado, quase nunca nessa vida. Esse meu romance, não lembro ao certo sobre o que era, mas me lembro de entregá-lo a um velhinho que me disse o seguinte:

“Muito bom, profundo, até inteligente, mas falta sofrimento... as pessoas gostam do sofrimento, elas precisam dele. Na maioria das vezes, quando sofremos é só porque queremos, porque vemos com isso uma forma de sermos mais nobres.”

Meu despertador tocou e eu pulei da cama 5:30 (era o dia em que a aula começa mais cedo) me arrumei pensando, tomei café pensando, e isso eu fiz o dia todo, até hoje eu faço. Sem concluir nada, e bem despretensiosamente eu digo: Esse velhinho deve mesmo saber das coisas, porque enquanto pensava, eu percebi que eu sofro por capricho, e não sou só eu! É nobre sofrer!

Comecei a reparar meu mundo porque eu já não era um bom exemplo. E de fato o velhinho é mesmo esperto, ele tinha razão, não quando disse que meu romance era bom, isso eu não conseguiria fazer, (ai que sofrimento!) mas sim quando afirmou que gostamos
de sofrer.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Essa é dele! (o graaande)

"Vingar, digo ao senhor: é lamber, frio, o que o outro cozinhou quente demais"
Riobaldo

E então... compensa ou não?

Oublié, c´est oublié!

E só de dizer que está esquicido já está mais do que lembrado, eu sei bem o que é isso. Digo o tempo todo, digo aos sete ventos. E já estou tão cansada...
E esqueço, só de mentirinha, esqueço porque me dizem, porque falam que é necessário, só que sinto vontade de lembrar, então digo que esqueci!
E é desse jeito que nós costumamos nos trair, a gente vai dizendo, dizendo o tempo todo. Falando ser passado o que é presente, que nao pertence, mesmo pertencendo.

domingo, 14 de março de 2010

É só imaginar...





Como de costume a Ana estava aqui em casa, e durante uma de nossas conversas circulares nós pensávamos em como somos impotentes em relação a quem já nos fez sofrer. Não que nós sejamos vingativas, mas fica sempre um valorzinho que precisa ser acertado, as coisas não deveriam nunca “ficar por isso mesmo”. E nós chegamos a um consenso: se não podemos fazer, a gente imagina! O mais certo são as coisas continuarem do jeito que estão, mas só das idéias loucas nos passarem pela cabeça, o nosso humor já mudou. Usamos de requintes de crueldade e também de muito bom humor, pensamos em coisas que envolvem o equilíbrio do corpo e até naquelas coceiras chaaaatas que incomoooodam. Mas depois que já tínhamos rido até quase cuspir as nossas línguas, a Ana me lembrou: “Laíz, você por acaso lembra daquele dia que nós desejamos que chovesse e a luz acabasse e isso aconteceu?” O Pior é que isso é verdade, e confesso agora até uma pitadinha de remorso, mas depois que ela me disse isso eu ri ainda mais.