segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Intervalo

Tava assim, assim, meio atulhada de sociologia. Minha vida tem sido isso, coerção, estado,bem estar, férias forçadas da literatura. Viver tem disso mesmo. Enquanto escrevia sobre estado para Durkheim, eu me lembrava de um conto do Nassar, que um dia postarei aqui. “Aí pelas três da tarde”, na verdade são cinco da tarde, mas o que são duas horas?!
Deu vontade mesmo de me “sentir embalada pelo mundo”, não, não vou deitar numa rede nua, até porque aqui não temos redes. Mas a vida, de fato, cansa. Essas férias que tirei da literatura me deixam estranha. Ela foi minha companhia durante um bom tempo. Uma amiga sempre me diz, “Laíz, saia mais de casa!”, contudo confesso ter preguiça de gente. Embalar-me pelo mundo seria agradável, mas amanhã eu vivo. A única inércia que estou respeitando é a da vida acadêmica.
Será que estou envelhecendo? Isso seria uma pergunta cretina, é claro que envelheço, sou uma senhora de 21. Cansei! Enjoei de gente, de fazer charminho, de final feliz, só do café que eu não consigo enjoar.
Pronto, agora que me declarei uma velha viciada, e me senti embalada pelo mundo (de roupa e sem rede), volto a Weber.
Viver tem sido assim!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Viver ainda é construir

O problema maior não é não saber onde estamos, porque essa vida é mesmo uma mistura, um emaranhado de caminhos. O que incomoda mais é olhar no espelho e ter que procurar nossos verdadeiros rostos por detrás do cabelo, que já não é o mesmo, do sorriso, que também mudou, da espessura do rosto, que também costuma variar com o tempo, e ainda assim, quando nos vemos, não termos a capacidade de nos reconhecermos. Mesmo que se tenha passado uma semana da ultima visita a nós mesmos, quando nos procuramos fronte ao vidro que reflete... nos estranhamos.


Talvez o erro resida no fato de procurarmos quem gostaríamos de ser, ou quem já fomos. Hoje mesmo, queria encontrar a menina de dezessete anos que acreditava nas pessoas e ouvia os “Ramones”, ela pensava que eu iria ser professora, ou alguém que mudaria o mundo, ela tinha o cabelo diferente. Os “Ramones” eu ainda escuto, quanto a ser professora, já não sei mais, e o cabelo fez de mim outra pessoa.


Não sei mesmo onde estou, não faço a menor idéia de quem eu sou e acho que já não acredito mais em milagres. Os “Ramones” dividem espaço no meu MP3 com o Chico, Vinícius, Tom e Caetano. Na estante, onde ficava a “Lira dos vinte anos”, hoje ficam o “Tutaméia” e o “Grande Sertão”. E o único fato meio nostálgico é que eu voltei a usar óculos.


Não consigo contar o que larguei pelo caminho, talvez alguns quilos, um grande herói, alguns amores e um pouco de idealismo. O fato é que eu não me reconheço.


Uma vez, quando eu ainda tinha os dezessete anos, eu disse que viver era construir, e esse é um dos poucos pontos que eu ainda não me cansei de frisar, e o único momento no qual eu me vejo eu mesma, sem variar.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Lança bombom






Como se eu não tivesse trabalhos para fazer, eu estava me distraindo no Orkut, passatempo fantástico. Lá a gente fica sabendo das ultimas fofocas, sem contar que expomos as nossas vidas na vitrine. Bem, no meu caso tem cerca de 60% de mise en scene, até porque eu não contaria para todo mundo tudo o que me acontece.


Eu estava me divertindo com as atualizações alheias e me deparei com uma comunidade sobre cantadas. Eu amo saber dessas cantadas, me lembro da última que recebi, que só surtiu o efeito positivo porque o contexto teve uma boa parcela de culpa. A foto da comunidade era do “Zé Bonitinho” , o que me fez pensar “ Oba!! É brega!!”. Quando fui lendo os primeiros, a começar pela clássica “ovo da minha marmita”, quase chorei de alegria.


Depois de ler algumas (eram muitas) eu li a seguinte frase: Nossa, você é tão linda que não caga, lança bombom!, nessa hora só faltou caírem confetes do céu! Eu juro que não conhecia essa cantada, e ela me fez refletir. Até onde vai a criatividade das pessoas? Até onde o grotesco influi nas nossas vidas? Quem pensaria em alguém lançando bombons pelo orifício traseiro?


Confesso que eu estou bem horrorizada, perguntei a uma amiga e ela me disse que ouviu muito no carnaval. Continuo horrorizada.


Lançar bombons por aquele buraco... acho que eu vou detestar bombons por um bom tempo.

sábado, 22 de maio de 2010

Obras

Histórias de fracassos, amores fracassados, longos casos que chegam ao fim antes de serem iniciados, a vida. Vidas em constantes obras, fins e recomeços, avanços e regressões, um empreendimento arquitetônico fantástico de difícil finalização. Uma obra demorada, complicada, e ao mesmo tempo rápida e ágil tingindo nossos cabelos, enrugando nossas peles, encurvando nossos corpos.
Alguns sobem no andaime e observam do alto o construir das paredes, outros participam da obra, alguns só fazem projetos, e por fim, existem os que tudo ignoram.
As obras assim evoluem, construções isoladas, casas geminadas, prédios e mais prédios, todos feitos de vidas. Vidas em obras, amores em obras, vidas de vitrines impessoais... feitas pelo tempo e pela rotina.
Enfim as obras da vida, as vidas em obras. As diversas construções, diversas pessoas, cada uma a sua historia, parecida com milhares e diferente de todas. Vidas que se estruturam em verdades mentirosas e mentiras mais verdadeiras que a própria realidade.
Lagrimas sorridentes, sorrisos em prantos, alternância inconstância, e o objetivo das obras das vidas se perde entre tudo e nada. Viver é construir, ou não.

Crônica do Renan

Beirei o desespero quando soube que teria que fazer uma CRÔNICA. Não sabia nem o que essa palavra significava, passei vinte segundos totalmente perdido, sem saber o que fazer. Eu já havia “defenestrado” algumas vezes e até acompanhava o ritmo das prosas quando alguém falava alguma palavra difícil. Isso não fazia a menor diferença, eu me perdia em todas as aulas de português... todos aqueles sujeitos, verbos, contos e a CRÔNICA.
De repente uma luz! Lembrei de uma prima que faz letras, ela me disse o que era CRÔNICA. Eram mil palavras, só me lembro que tinha a ver com “alguma coisa de tempo”.
E tempo era o que eu não tinha mais, essa tal de CRÔNICA já teria que estar pronta. Quando me vi a ponto de descontrolar, e a folha em branco a me olhar, comecei a escrever sobre a minha situação. Ao fim eu havia preenchido uma página.
Já cansado, sem ter mais o que fazer, liguei para a minha prima e li tudo que eu havia escrito, antes mesmo dela me perguntar nada, antes até de dizer “oi!”. Quando terminei, ela me disse “Até que ficou boa a sua CRÔNICA!”.
E eu, até hoje, continuo sem saber o que quer dizer a palavra CRÔNICA, porque depois que eu desliguei o telefone, nem li novamente o que eu tinha escrito. Anexei ao trabalho que eu precisava entregar e não pensei mais nesse assunto CRÔNICAL.

Chuvinha de nada, mas me deixou resfriada

Ainda me sobra tempo de olhar por cima dos óculos pro nada e me fingir ser ninguém. Ser alguém. Ser uma pessoa, outra e a mesma. Dias de solidão, vontade de correr por aí! De ir por aí, como qualquer personagem de um conto da atualidade, seja com as nuances seja com a falta de individualidade só pra se misturar à solidão em conjunto.
Era tudo diferente. Era bom? As vezes essa pergunta é complicada, nunca parei para pensar como seria se nunca tivesse acontecido, mas não me falta vontade de enterrar tudo.
Talvez não saiba se, de fato, é decepção ou qualquer outra coisa, dessas que a gente para e sente e não acha alguém pra culpar. E se..
E se eu tivesse chorado mais de dois dias? Não é vazio, pois não preenchia espaço, deixava vazio. Esvaziava meus olhos que tantas vezes se derramaram sobre fatos evitáveis. Foi uma chuvinha, essas iguais aos chuviscos.